terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A exclusão do idoso e inclusão na sociedade contemporânea

     
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Apesar da criação de novas leis de amparo a velhice, que evidenciam uma preocupação com esta crescente faixa etária, pouco tem sido feito para viabilizar o exercício dos direitos assegurados por estas leis. Sabe-se que até mesmo as iniciativas de caráter privado estão mais direcionados para o assistencialismo, conduzindo a uma tendência de afastar os idosos de realizar atividades criadoras, favorecendo assim o seu isolamento da sociedade a qual pertence.


      O aumento das doenças crônico-degenerativas na população com mais de 65 anos tem sido demonstrado em estudos norte-americanos, e essas enfermidades fazem com que a saúde, os níveis de energia e a mobilidade sofram uma redução. Na população com mais de 85 anos, tal situação é ainda pior, pois como resultado de seus problemas, eles tem reduzida à capacidade para desempenhar as atividades de vida diária, tornando-se, conseqüentemente, dependentes dos cuidados de outros (SCHANK; LOUGH, 1989).

      Os estudos gerontológicos, apesar de ainda estarem pouco desenvolvidos, indicam o início de ações capazes de oferecer auxílio para o planejamento de novas modalidades de atendimento à pessoa idosa, seja na descoberta precoce dos déficits funcionais, na prevenção de doenças e promoção de saúde, ou na reabilitação de funções (SANCHEZ, 2000).

     Contudo, enquanto tais ações não promovem a preservação ou o resgate para vida independente é preciso trabalhar a favor da qualidade de vida dessa parcela da população que vem aumentando a cada ano.

      A gerontologia Social trata dos fenômenos humanos associados ao fato de envelhecer, processo inerente a todo ser humano. Entretanto a velhice, resultado do envelhecimento, é vulgarmente considerada como uma realidade que afeta apenas uma parte da população. Os velhos se configuram como uma categoria independente do resto da sociedade,separados como grupos de características próprias.É obvio que partilham de características comuns,mas o fato curioso é que essa diferenciação supõe maior separação do resto da sociedade do que a experimentada por outros grupos sociais: crianças, adultos ,operários ,funcionários públicos, etc...A velhice separa mais os idosos dos concidadãos do que outros atributos cronológicos e sociais.Suscita reações negativas e não é somente uma variável descritiva da condição pessoal da pessoa,como a aparência física ,o estado de saúde,etc.

Por outro lado, A proporção de pessoas idosas em relação ao total da população que atinge, atualmente, níveis superiores aos de qualquer outra época da história. Nos países desenvolvidos, situa-se ao redor de quinze por cento e com a tendência a um crescimento superior a ao de qualquer outro setor da população.Essa tendência é única em nossa época,e os peritos concordam que o número de pessoas idosas sobre o total da população crescerá em todos os países do mundo,considerando-se as melhorias no nível de vida e a redução da taxa de natalidade.Os aumentos serão maiores em países desenvolvidos,e em decorrência disso surgirão novas condições de vida ,que já são previstas e causam preocupação.A economia futura será capaz de gerar recursos suficientes para manter a massa crescente de passivos?As respostam são equivocadas devido ao grande números de fatores que intervêm: crise industrial mundial, novas tecnologias, atitudes sociais cambiantes etc. Entretanto economicamente parece inevitável que a população ativa do futuro arque com maiores responsabilidades do que as atuais gerações
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      A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão. (SAWAIA, 2008)

      Segundo Paugam (1996):
                           exclusão seria noção familiar nos últimos anos, destinada a retratar a angústia de numerosos segmentos da população, inquietos diante do risco de se ver um dia presos na espiral da precariedade, “acompanhando” o sentimento quase generalizado de uma degradação da coesão social. Reconhece, porém, que se trata de termo ainda equívoco, abarcando um universo de preocupações tais como: precariedade do emprego, ausência de qualificação suficiente, desocupação, incerteza do futuro (...) uma condição tida por nova, combinando privação material com degradação moral e dessocialização (...) ;desilusão do progresso(...).(PAUGAM, 1996, p. 7-8)
      Busca, então, distinguir entre precariedade e exclusão, colocando a primeira como estágio anterior, e aparecendo aí a novidade do fenômeno e mesmo a emergência de “novo paradigma” de pobreza.


      O maior charme do termo exclusão é o sucesso da noção de exclusão é que ela põe o acento, ao menos implicitamente, sobre uma crise do liame social. Com respeito à temática das desigualdades, a noção de exclusão a ultrapassa dando um sentido novo fundado não principalmente sobre a oposição de interesses entre grupos sociais e a luta pelo reconhecimento social, mas antes sobre a fraqueza, ou seja, a ausência de reivindicações organizadas e de movimentos suscetíveis de reforçar a coesão identitária das populações desfavorecidas.

Referência


COSTA, E. M. S. Gerontodrama: a velhice em cena: estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e a terceira idade. São Paulo: Agora, 1998.

DAMATA, R. Conta de Mentiroso: Sete Ensaios De Antropologia Brasileira. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.

ELIAS, N. A. Solidão dos Moribumdos, Seguido De Envelhecer E Morrer. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

HADDAD, Eneida Gonçalves de Macedo. O Direito à Velhice: os aposentados e a Previdência Social. São Paulo: Cortez, 1993. Instituições de longa permanência, 2007

MENDES, M.R.S.S.B. et al. Artigo atualizado: A situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Acta Paul Enferm. 2005; 18 (4):422-6

DAVIM, R.M.B. et al. Artigo original.Estudo com idosos de instituições asilares no município de Natal-RN: características socioeconômicas e de saúde. Rev. Latino-Americana de enfermagem vol 12, nº 3. Ribeirão Preto, SP. Maio/junho 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sciJarttext&pid=S0104-11692004000300010. Acesso em 28/03/2012 09:34

SAWAIA, B. Introdução: Exclusão ou Inclusão Perversa? IN: SAWAIA, B. (Org.) As Artimanhas da Exclusão: Análise psicossocial e ética da desigualdade social. 8 ed. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes, 2008.

DEMO, P. Charme da Exclusão Social: Polêmicas do Nosso Tempo. Campinas, SP: Autores associados, 1998.

MORAGAS, R. M. Gerontologia Social; Envelhecimento e qualidade de vida, Ed. Paulinas – São Paulo, SP, 2004.

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